04/02/2023

O açude Castanhão, maior reservatório do Ceará e equipamento estratégico para a segurança hídrica do Estado, fechou o mês de janeiro com 19,61% de abastecimento. Os dados são do Portal Hidrológico da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ceará referentes ao último dia 31, terça-feira. O percentual é mais que o dobro do observado no mesmo período de 2022, quando o reservatório somava 8,46% de abastecimento.

Além disso, este é o melhor volume para o período desde 2015, quando o Castanhão somava 24,18% de abastecimento em 31 de janeiro daquele ano.

Percentuais de abastecimento do Castanhão em 31 de janeiro:

2023: 19,61%
2022: 8,46%
2021: 10,53%
2020: 2,45%
2019: 3,77%
2018: 2,26%
2017: 4,96%
2016: 10,49%
2015: 24,18%
2014: 38,52%
2013: 53,71%

O reservatório, considerado estratégico para o abastecimento hídrico e produção agrícola do Ceará, vem variando de volume desde o início do ano. Em 1º de janeiro de 2023, somava 19,95% de recarga. Dez dias depois, em 11 de janeiro, por exemplo, apresentou 19,68%. Nesta quinta-feira, 2, segundo o Portal Hidrológico, apresenta 19,63%. A expectativa, com base no prognóstico de chuvas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), é que o reservatório receba bom aporte na quadra chuvosa, que teve início nesta quarta, 1º, e segue até o fim de maio.

Transposição
Em 2022, o açude passou a receber água da Transposição do Rio São Francisco. No mesmo ano, o reservatório registrou um dos melhores abastecimentos da década. Na oportunidade, no entanto, o então secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, explicou que a maior parte da água aportada foi proveniente das chuvas. Os bons volumes pluviométricos de 2022 também possibilitaram o fim da transferência de água do reservatório para a RMF.

Teixeira destaca, ainda, que a relação “isso é natural” se considerarmos que Projeto de Integração de integração tem uma vazão importante no período de estiagem, quando o reservatório não recebe recarga das chuvas. “Ter uma vazão de 10 metros cúbicos por segundo pode ser pouco se comparado com as grandes vazões resultantes das chuvas intensas, mas é expressiva se analisarmos que é suficiente para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza por um período de um ano”, explica.

Outros reservatórios
Segundo maior do Estado, o açude Orós chegou aos 43,99% de sua capacidade nesta quinta-feira, 2. Em igual período do ano passado, registrava 22,74%. Já o Banabuiú, terceiro maior açude do Ceará, mostra a situação mais preocupante, com 9,06%. No mesmo período do último ano, o percentual era de 8,18%. Os valores abaixo representam uma dificuldade no aporte observada nos últimos anos, quando o Banabuiú vem perdendo água.

Se não analisarmos apenas os três maiores, a situação hídrica do Estado é melhor do que em anos anteriores, mas ainda longe do ideal. Conforme o Portal Hidrológico, o abastecimento nos 157 açudes monitorados atualmente é de 31% – estando 5 reservatórios sangrando e outros 4 acima dos 90%. Em 2 de fevereiro de 2022, o percentual era de 21,2%, com 2 açudes sangrando. Em igual período de 2021, o Ceará estava com uma recarga de 24,4% (dos 153 monitorados) e nenhum reservatório acima do limite. 

Chuvas
O Ceará registrou no primeiro dia da quadra chuvosa, nesta quarta-feira, 1º, precipitações em mais de 100 cidades, segundo dados da Funceme. A maior precipitação aconteceu no município de Icó, com mais de 140 mm. A chuva atingiu a sede urbana do Município e alagou residências e comércios. Segundo informações da Prefeitura da cidade, foi assinado Decreto de Emergência para que sejam realizadas intervenções por parte da gestão municipal.

Segundo prognóstico da Funceme divulgado em janeiro, a tendência de boas chuvas deve se manter pelos próximos meses, já que o Estado tem maior probabilidade de chuvas acima da média no trimestre de fevereiro a abril de 2023. Conforme o estudo, as probabilidades são de 50% para precipitações acima da normalidade, 40% em torno dela e 10% para chuvas abaixo da média climatológica. O prognóstico indica também uma alta variabilidade espacial e temporal na distribuição das chuvas no Ceará.

“As condições oceânicas são favoráveis para todo o norte da região Nordeste, o que acaba sendo bom não somente para o Ceará, porém, é importante reforçar que, mesmo confirmando-se o cenário mais provável, é natural que dias mais secos ocorram durante o trimestre. Já uma tendência que o mês de fevereiro, principalmente no início, seja de poucas precipitações”, explicou o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins.

Fonte: Opinião CE

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