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Além das belezas naturais, enfatizadas pelo Rio
Batateira,
que mantém a flora e a fauna exuberantes, o Sítio
conta com
patrimônio arquitetônico.
FOTO: Antonio Rodrigues
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Crato. Localizado na
área urbana deste Município do Cariri cearense, o Parque Estadual do Sítio
Fundão, vizinho do bairro Seminário, tem atraído cada vez mais visitantes.
Neste ano, completam dez que ele se tornou Unidade de Conservação (UC), fazendo
parte, também, do Geossítio Batateira, vinculado ao Geopark Araripe. É um lugar
ideal para fazer trilhas curtas, a pé ou de bicicleta, e acampamentos.
Com
área de 93,52 hectares, a flora nativa representa os biomas Caatinga e Cerrado,
além de conter uma diversidade de animais silvestres. Alguns são mais comuns,
como os saguis, as cobras e os pássaros. Mais raramente alguns veados, tatus e
até tamanduás foram vistos por lá. Dentro do Sítio Fundão também há bens
históricos tombados pela Secretaria de Cultura do Estado, como a Casa de Taipa
(Centro de Visitantes), a parede de pedras e as ruínas de um engenho do Século
XIX, movido por tração animal. Por ele, também corre o Rio Batateira, banhando
o Parque e mantendo verde a vegetação por boa parte do ano.
Com
de 3,5Km de trilhas e circuito de bicicleta, local recebeu cerca de 3.700
pessoas, no ano passado. Ele fica aberto ao público no período das 6h às 9h e
das 15h30 às 17h30. Não é cobrado ingresso. Os visitantes têm o auxílio de 11
pessoas, que trabalham na orientação, manutenção e vigilância. Grupos maiores,
como excursões, devem fazer agendamento.
A
maioria das pessoas que vai ao Parque são estudantes universitários ou de
escolas públicas. A própria UC organiza programação para atrair crianças e
jovens. Para este ano, serão realizadas dez grandes ações de Educação
Ambiental. "São voltadas a aproximar as pessoas, sensibilizando para o
pertencimento e colaboração com a gestão, refletindo sobre práticas mais
sustentáveis e divulgando como espaço ideal para a Educação Ambiental, lazer e
pesquisa científica", explica a gestora, Rose Feitosa.
Atrativos
A
limpeza, o cuidado, a sinalização e algumas obras, como a reforma do Centro de
Visitantes, que hoje funciona como museu e foi reinaugurado no dia 15 de
fevereiro do ano passado, atraíram mais pessoas.
Antes
de se tornar uma Unidade de Conservação, o Sítio Fundão pertenceu a Jeferson
França Alencar, que manteve a área florestada até o seu falecimento, em 1986.
Seu sonho era tornar o local em um lugar atrativo em Crato. E conseguiu. No dia
8 de fevereiro de 2008, a área foi desapropriada por Decreto Estadual,
permitindo a criação do Parque Estadual no dia 5 de junho do mesmo ano.
Mas,
antes disso, o Sítio enfrentou muitos problemas, principalmente pelas
queimadas. Segundo o estudante Felipe Feitosa, vizinho do Sítio Fundão desde
pequeno, antigamente, como não havia coleta de lixo, a população descartava na
mata e queimava ali mesmo. O fogo rapidamente se espalhava. Os bombeiros eram
acionados para conter as chamas. Além disso, muita gente fazia utilização de
drogas ou, até mesmo, tinha relações sexuais por lá. "Sempre foi
tranquilo, mas a população não tinha acesso pelo medo. Uma sensação de
insegurança", lembra.
O
estudante acredita que este medo foi superado, aos poucos, com a criação da
Unidade de Conservação, que atrai a população do bairro e de outros locais para
fazer caminhada.
"No
começo, ficou desconfiada, porque achavam que (a unidade) não teria força
nenhuma. Hoje, sempre tem gente que vai de manhã e no fim da tarde",
completa Felipe.
Ecomappss
Lançado
no dia 12 de janeiro, o aplicativo para celular Ecomapss se tornou mais um
atrativo para o Parque Estadual do Sítio Fundão. A ferramenta, criada por
professores e estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará (IFCE), campus Crato, identifica e dá informações sobre plantas
nativas, fósseis e pontos históricos encontrados no local. É só o usuário
aproximar seu smartphone do QRCode, encontrado nas diversas plaquinhas
espalhadas na unidade, e todos os dados aparecem na tela.
O
trabalho foi desenvolvido pelos professores Gauberto Barros (Zootecnia) e João
Alberto Abreu (Sistemas de Informação) e pelos estudantes João Willamy e
Matheus Soares, do curso de Sistemas de Informação. Ele surgiu em 2014, no
projeto de iniciação científica com alunos do curso de Zootecnia, que fizeram o
levantamento florístico do campus Crato do IFCE. Dele, foi feita a
identificação de algumas espécies.
O
professor João Abreu se interessou pelo projeto e propôs uma parceria para
inserir as plantas em um banco de dados na plataforma móvel. Até então, só a
flora do Campus estaria no aplicativo, até que Rose Feitosa, gestora do Parque
Estadual do Sítio Fundão, propôs a parceria. Com isso, a partir da ajuda de um
"mateiro", foi feito o levantamento, a identificação, o inventário
pesquisa e a descrição das espécies. Após um ano sendo desenvolvido, o
aplicativo foi lançado.
"A
ferramenta é organizada de forma que qualquer usuário que utilize um smartphone
consiga usar sem muita dificuldade. Ele obtém a informação de uma maneira fácil
e prática. Sem necessitar o uso de internet", explica o professor João
Abreu. Até agora, ele está disponível, gratuitamente, na PlayStore, na
plataforma Android, mas já está sendo trabalhado na versão para Ios. Na
avaliação, ele tem nota 4,9 (a máxima é 5.0).
Gauberto
Barros acrescenta que a linguagem é mais atrativa e pode resultar no
engajamento de uma geração de jovens no conhecimento e proteção da unidade.
"Desde o lançamento, o IFCE já utiliza o aplicativo em aulas de
campo", destaca. Enquanto o João Abreu acredita que, além de fomentar a
educação ambiental, ele auxilia os próprios professores durante as aulas de
campo.
Expansão
A
ideia, agora, é expandir o aplicativo para outras Unidades de Conservação. Está
sendo feito um levantamento e uma parceria com o Geopark Araripe vem sendo
discutida para trazer o Ecomapss para todos os geossítios. Nele, também estarão
disponíveis informações florísticas, geológicas e culturais. Também vai ser
realizado um trabalho junto a Unidade de Conservação do Sertão Central, em
Tauá, em parceria com o IFCE de lá.
"Estamos
a todo vapor para lançar uma nova versão do aplicativo, com melhorias novas
funções e bem mais rápido", garante o estudante Matheus Soares, bolsista
do projeto. (Diário do
Nordeste)
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